ATA DA SESSÃO DE INSTALAÇÃO DA QUINTA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA NONA LEGISLATURA, EM 15.03.1987.
Aos quinze dias do mês de março do ano de mil novecentos e oitenta e sete reuniu-se, na Sala de Sessões do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre, em sua Sessão de Instalação da Quinta Sessão Legislativa Ordinária da Nona Legislatura. Às nove horas e quarenta e cinco minutos foi realizada a segunda chamada, sendo respondida pelos Vereadores Adão Eliseu, André Forster, Antonio Hohlfeldt, Aranha Filho, Auro Campani, Brochado da Rocha, Cleom Guatimozim, Ennio Terra, Frederico Barbosa, Gladis Mantelli, Hermes Dutra, Isaac Ainhorn, Jorge Goularte, Jussara Cony, Lauro Hagemann, Luiz Braz, Mano José, Pedro Ruas, Rafael Santos, Teresinha Chaise, Valdomiro Franco, Werner Becker e Kenny Braga. Constatada a existência de “quorum”, o Sr. Presidente declarou abertos os trabalhos e convidou as Lideranças Partidárias a conduzirem ao Plenário o Sr. Prefeito Municipal, Dr. Alceu Collares. Após, o Sr. Presidente registrou a presença, no Plenário, do Sr. Secretário Municipal do Planejamento, Sr. Newton Bággio, e comunicou que reassume, hoje, nesta Casa, o Ver. Artur Zanella, informando que S. Exa. passará a integrar a Comissão de Economia e Defesa do Consumidor. Em continuidade, a Sra. Secretária procedeu à leitura de ofício do Ver. Valdomiro Franco, apresentando sua renúncia ao mandato de Vereador em face de sua posse, amanhã, na Assembléia Legislativa do Estado. A seguir, o Sr. Presidente falou sobre sua satisfação pelo reinício dos trabalhos da Casa e discorreu acerca dos problemas hoje enfrentados pelo País. Declarou sua apreensão frente ao quadro econômico e institucional brasileiro, analisando o assunto. Registrou a instalação, hoje, de um novo Governo no Estado. Destacou a importância de que seja dada continuidade às obras de conclusão do prédio desta Casa. Analisou as dificuldades enfrentadas e o significativo dos Legislativos do País. Discorreu acerca do papel representado pelo Rio Grande do Sul dentro da história da Nação brasileira. Salientou que o quadro funcional desta Câmara receberá a atenção merecida no transcorrer do atual Ano Legislativo. A seguir, o Sr. Presidente concedeu a palavra aos Líderes de Bancada. O Ver. Werner Becker, em nome do PSB, discorreu sobre a crise econômica e social enfrentada pelo Brasil. Congratulou-se com o Ver. Brochado da Rocha pelo trabalho que vem realizando à frente da presidência da Casa. Comentou diversos problemas encontrados em Porto Alegre, declarando sua confiança na solução dos mesmos. Atentou para a importância do projeto que cria os Conselhos Comunitários no Município e do que altera o PDDU. Analisou os perigos representados pela adoção de uma linha política tecnocrata dentro de um governo municipal. Destacou ser necessário que, no correr deste ano. Ocorra uma devida valorização dos funcionários da Casa. O Ver. Lauro Hagemann, em nome do PCB, declarou-se preocupado com o atual momento político e econômico brasileiro. Comentando o descrédito do homem público no País, disse ser preciso uma busca de valorização da classe política e fim de que possam ser solucionados problemas que enfrenta a população. Salientou a importância de manutenção de discursos e atitudes baseadas na realidade, não meramente pessimistas mas de busca da crítica construtiva que permita o desenvolvimento nacional. O Ver. Antonio Hohlfeldt, em nome do PT, expressou a preocupação de seu Partido quanto ao futuro social e político da Nação. Disse encontra-se o País em um ponto crítico, onde deverá ser feita a opção por reais mudanças ou pela continuidade da opressão do povo brasileiro. Analisou a imagem negativa com que é vista a classe política brasileira. Defendeu um trabalho consciente e conjunto entre o Executivo e o Legislativo Municipal, para que seja buscado o bem-estar do povo porto-alegrense. O Ver. Hermes Dutra, em nome do PDS e do Vereador independente Jorge Goularte, teceu comentários sobre a importância de que sejam tomados rumos concretos pelos dirigentes da Nação, neste período crítico que atravessa o Brasil. Disse que os municipários devem buscar a redefinição e valorização de seu papel dentro do quadro político brasileiro. Declarou que o PDS sempre estará pronto para defender projetos que objetivem à melhoria da vida do porto-alegrense. O Ver. Frederico Barbosa, em nome do PFL, destacou a importância, para o Estado, da data de hoje, em vista da posse do Governador eleito Pedro Simon. Falou das expectativas do povo brasileiro por mudanças e melhorias tanto na área municipal, quanto estadual e nacional. Leu artigo publicado, hoje, no jornal Correio do Povo, assinado pelo ex-Governador Jair Soares, comentando o mesmo. Salientou o desejo de seu Partido de um trabalho consciente de colaboração entre o Executivo e o Legislativo Municipal. O Ver. Luiz Braz, em nome do PMDB, analisou a luta que vem sendo realizada pela classe política em direção à concretização da democracia no País. Falou sobre o significado da nova Constituição para a valorização da imagem do político e a melhoria do quadro econômico e social brasileiro. Discorreu acerca das dificuldades encontradas pelo Prefeito Alceu Collares para cumprimento dos objetivos aos quais se propôs ao assumir o Executivo Municipal e a participação deste Legislativo para a solução destas dificuldades. O Ver. Cleom Guatimozim, em nome do PDT, defendeu o regime democrático como o mais justo entre os regimes municipais, discorrendo sobre o mesmo. Criticou a forma como a Assembléia Nacional Constituinte vem sendo usada pelas forças que governam o País e o teor conservador que deverá ser encontrado na nova Constituição. Lamentou que, a nível nacional, a situação brasileira continue muito semelhante ao período da Velha República. Analisou as relações entre o Executivo e o Legislativo de Porto Alegre e seus reflexos junto à população. Congratulou-se com o Ver. Valdomiro Franco pela sua posse, amanhã, na Assembléia Legislativa do Estado e com o Ver. Artur Zanella pelo seu retorno à Casa. Solicitou o apoio da imprensa para os trabalhos do Ano Legislativo que hoje se inicia. A seguir, o Sr. Presidente concedeu a palavra ao Ver. Valdomiro Franco, nos termos do art. 81, II do Regimento Interno, dizendo que essa Casa sofre uma grande perda com a saída de S. Exa. e augurando uma boa atuação frente ao Legislativo estadual. O Ver. Valdomiro Franco falou sobre sua tristeza por deixar esta Casa, enfatizando que, na Assembléia Legislativa do Estado, seguirá a mesma linha política que pautou seu trabalho nesta Câmara. Salientou a importância do corrente ano dentro da política nacional, tendo em vista a constituição da Assembléia Nacional Constituinte. Após, o Sr. Presidente concedeu a palavra ao Prefeito Alceu Collares, que comentou os rumos que está tomando a política brasileira e a perplexidade da população frente à mesma, ressaltando a necessidade de mudanças radicais que beneficiem o povo brasileiro. Analisou seu mandato frente à Prefeitura Municipal, enfatizando que seus atos sempre foram pautados pela busca da democracia e comentando os problemas administrativos e financeiros encontrados. Defendeu a criação dos Conselhos Municipais, os quais permitiriam a participação efetiva do povo na administração dos problemas públicos. Disse que encaminhará à Casa uma proposta solicitando manifestação acerca da criação de um Fundo de Desenvolvimento Metropolitano, com verbas do Estado e da União, para que sejam solucionados os problemas que enfrentam os Municípios brasileiros. A seguir, o Sr. Presidente comunicou que serão realizadas, pela Casa, sessões semanais para que sejam discutidos assuntos relativos à Constituinte e aos problemas enfrentados pelas regiões metropolitanas, com as presenças dos presidentes das Câmaras Municipais da Grande Porto Alegre. Nada mais havendo a tratar, o Sr. Presidente levantou os trabalhos às doze horas, convocando os Senhores Vereadores para a Sessão de amanhã, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelo Ver. Brochado da Rocha e secretariados pelos Vereadores Gladis Mantelli e Luiz Braz, o último como Secretário “ad hoc”. Do que eu, Gladis Mantelli, 1ª Secretária, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após lida e aprovada, será assinada pelo Sr. Presidente e por mim.
O SR. PRESIDENTE: Havendo número legal,
declaro abertos os trabalhos da presente Sessão.
A seguir, a Mesa declara reempossado o Ver. Artur Zanella, que passará
a integrar a Comissão de Economia e Defesa do Consumidor. Registro, ainda, as
presenças do Sr. Prefeito Alceu Collares e do Sr. Secretário da SPM, Newton
Bággio.
A Mesa recebeu Ofício do Ver. Valdomiro Franco, no qual renuncia ao seu
mandato de Vereador.
Solicito à Sra. 1ª Secretária que proceda à leitura do Ofício.
A SRA. 1ª SECRETÁRIA: (Lê.)
“Porto Alegre, 15 de março de 1987.
Senhor Presidente:
Tenho a honra de dirigir-me a Vossa Excelência para apresentar minha
renúncia ao mandato do Vereador, cumprindo o que determina a Constituição do
Brasil, arts. 13, VII; 34, II, ‘c’, e 35, I; e a Constituição do Estado do Rio
Grande do Sul, art. 18, II, ‘c’.
Como é do conhecimento de Vossa Excelência, no dia de amanhã, 16, serei
investido no mandato de Deputado Estadual, razão pela qual encareço seus bons
ofícios no sentido de que se cumpram as providências exigidas pelo art. 170, do
Regimento Interno desta Câmara Municipal.
Ademais, colho o ensejo para renovar a Vossa Excelência e aos demais
membros desta Casa os meus protestos da mais alta estima e distinta
consideração.
Cordialmente.
(a)
Valdomiro
Franco.”
O SR. PRESIDENTE: Sr. Prefeito, Sr. Secretário
da SPM, Srs. Vereadores e presentes, é com grande satisfação que reiniciamos os
trabalhos ordinários correspondentes ao ano de 1987. Dentro da conjuntura
nacional, problemas gravíssimos envolvem o País, desde os problemas econômicos,
absolutamente fora do nosso alcance, do nosso conhecimento, à deriva dos nossos
desejos e, sobretudo, uma imensa preocupação manifesta, quer pelas classes mais
humildes até as classes mais conhecedoras dos programas nacionais. Registramos
que é com profunda apreensão e com profundo sentido que acompanhamos o quadro
econômico, assim como quadro institucional que cerca o País, país este que,
após viver momentos de grande euforia, simbolizados pelo Cruzado I, hoje se
encastela numa crise sem precedentes na História do Brasil e cujos rumos não
conhecemos. Quero dizer que esta Casa possui, ao longo de sua história, uma
longa biografia no sentido da defesa da democracia, que é a nossa primeira
meta. E todos os esforços no sentido de conservarmos, melhorarmos, sobretudo
desmascararmos o que existe de arbítrio e de prepotência, serão por nós, de uma
forma ou de outra, demandados e perseguidos durante o ano de 1987. Sei, Sr.
Prefeito e Srs. Vereadores, dos riscos que nos cercam.
Nunca estivemos afinados com o tipo de comportamento ditatorial e sei
que esta Casa, como a imprensa, será, de uma forma ou de outra, garroteada
pelos eternos golpistas desta Pátria, sempre os mesmos, sempre aquela mesma
oligarquia que cerca o País.
É com profunda apreensão que instalamos estes trabalhos, mas quero
dizer que temos um currículo, assim como a maioria dos Srs. Vereadores
presentes têm, um currículo onde se sabe perfeitamente o que desejam que nós
não façamos e o que nós pretendemos fazer. Queremos realmente contribuir para a
democracia. De outra parte, ficamos profundamente apreensivos com os rumos que
tomam os trabalhos em relação a uma nova Carta Constitucional. É sabido que a
Carta de 1964, em que pese a sua liberalidade e alguns artigos de cunho social
- artigos esses que, apesar de terem um cunho realmente social, não foram
respeitados através destes anos -, mas deixava muito a desejar a Carta de 1964,
ao representar as aspirações nacionais no sentido de um país mais igualitário.
Posteriormente, a Constituição sofreu reformas, sempre no sentido rigorosamente
conservador, cujo mais notório passo foi aquele em que se impedia, através de
um ato adicional, proibia-se o Presidente João Goulart de assumir a Presidência
da República, com plenos poderes, e a implantação do Parlamentarismo no País,
uma medida evidentemente negociada e, evidentemente, que fazia com que o País
retroagisse. As forças mais conservadoras – comandadas pelos comandantes das
três Armas – na ocasião, impediram a posse. Esses fatos realmente nos
preocupam. Além disso, não foram tomadas medidas no sentido de uma Constituição
mais consistente e, sobretudo, no sentido das classes menos favorecidas à
deriva da Pátria. Se essas classes não tiverem tratamento especial na
Constituinte, certamente teremos o País caminhando não só para um processo de
desintegração institucional e econômica, como também para aquilo contra o que
lutamos há tanto tempo. Portanto, este é um momento singular. Por outro lado,
não podemos deixar de registrar que, hoje, se instala o novo Governo do Estado
do Rio Grande do Sul, ao qual nós auguramos êxito. Temos certeza de que o ano
de 1987, que agora se inicia, nos trará do Executivo – ele já tem em mãos – uma
série de planos e uma série de projetos a serem enviados a esta Casa. Este
Vereador também deseja formular uma série de iniciativas, de palestras e de
realizações – o que é fundamental e necessário para a Câmara de Vereadores. O
isolamento desta Casa, no seu novo prédio, também faz com que procuremos uma
solução para o problema pertinente, de uma forma que se tenha a satisfação de
ver, em mãos do Sr. Prefeito Municipal, o material necessário para o
encaminhamento. Enfim, podemos dizer, sobre o numerário necessário para os
trabalhos de conclusão nesta Casa, S. Exa., que falará ou não nesta reunião de
hoje, manifestou a esta Presidência seu desejo pleno de dar prosseguimento às
obras da Câmara Municipal de Porto Alegre e nos deixa, também, o material
necessário para o pleno encaminhamento - o que será, sem dúvida, uma conquista
para o Legislativo – este Legislativo que, como todos os Senhores sabem, estava
engaiolado, por paradoxal que seja, no lugar mais alto que o Município de Porto
Alegre dispunha e de mais difícil acesso. Também quero deixar registrado que
nos preocupam as investidas contra os Legislativos, de modo geral. Sabemos, Sr.
Prefeito e Srs. Vereadores, quão frágil é o Poder Legislativo e sabemos que no
momento de crise, exatamente por ser o Poder mais aberto, exatamente por ser o
termômetro da democracia, este Poder é o primeiro a ser atingido. Sabemos,
também, de campanhas direcionadas contra este mesmo Poder e temos lembrado,
aqui e acolá, que não existe no mundo nenhuma possibilidade de uma democracia
sem um Parlamento forte e aberto, e que somente nós conhecemos as necessidades
e, sobretudo, a importância das Casas Legislativas quando as mesmas vêm a ser
fechadas, porque, conseqüentemente, temos o fechamento da liberdade de
imprensa, coisa que corre paralela através dos tempos. Lembro aos Senhores que
não conheço nenhuma imprensa livre no mundo sem um Legislativo forte. São
coisas que desejaria assinalar e que correspondem à nossa realidade. De outra
forma, também desejo assinalar que devemos acolher, neste, momento, as
expectativas reinantes neste País. Sabemos que, apesar de termos sido
alcançados, o Rio Grande do Sul especialmente e, é claro, sua Capital, de todas
as formas possíveis por uma ditadura violenta no sentido de diminuirmos, nós
sabemos que, no contexto da História do Brasil, o Rio Grande do Sul e sua
Capital representam um papel relevante. É necessário reerguer as nossas
bandeiras tão ricas em tradições, de que Porto Alegre representa a cidadela do
Rio Grande e que, muitas vezes, representou a cidadela primeira e última do
Brasil. É necessário que tenhamos, por isso, em mente, que nossa Cidade
participe intensamente, quer a nível do Poder Executivo, quer a nível do Poder
Legislativo, no sentido desse emaranhado de coisas. Quero, de outro lado, dizer
aos senhores funcionários, por um dever eventual do exercício do cargo do qual
sou investido, que suas situações funcionais serão devidamente encaminhadas,
como determina um novo Plano de Carreira. Enfim, Srs. Vereadores, cabe-me dizer
de tudo isto – se eventualmente pintei algum quadro negativo – digo apenas aos
Senhores que ainda acredito num triunfo organizado, planejado e, sobretudo,
articulado de forças conseqüentes neste País, que possam levar, realmente, a
outro modelo e a outras concepções rigorosamente desprezadas e que hoje ainda
se perpetuam. Por isso não quero marcar, nem de longe, as minhas palavras com
pessimismo. Apenas fiz registros absolutamente necessários. Mas creio,
sobretudo, que nós que tivemos alguma convivência com esses fatos e com essa
história, poderemos de uma forma - evidentemente dentro das nossas limitações –
colaborarmos com dias melhores para a nossa Pátria, neste Estado e neste Município
de Porto Alegre. É o que me cabia dizer no dia de hoje. A partir do que,
concedo a palavra aos Srs. Vereadores e Líderes de Bancada.
Com a palavra, pelo PSB, o Ver. Werner Becker. V. Exa. tem a palavra.
O SR. WERNER BECKER: Sr. Presidente, Srs.
Vereadores e demais presentes, na abertura do Ano Legislativo Municipal de
1987, deparam-se os porto-alegrenses, como todos os brasileiros, frente a uma
crise institucional e econômica com poucos precedentes, se os houver, na nossa
história. Paralelamente a uma Constituinte deslegitimada por flagrantes vícios
de origem, constrangida a toda hora pela ameaça do retorno militarista e
coagida pelos óbices do poderio mercenário, se desencadeia vertiginosamente um
processo agudo de desinstitucionalização, onde o arbítrio, sem o menor pudor de
nominar-se como Atos Institucionais, subverte toda a hierarquia legal.
Portarias revogando leis, decretos estuprando a Constituição, num caos que
deixa atônito e sobressaltado, dia a dia, o povão brasileiro. É o
estrangulamento, a toda hora, de qualquer segurança econômica e social.
A crise se reflete naturalmente em Porto Alegre. Mas, antes de
objetivar algumas questões específicas, que se prometem neste ano para Porto
Alegre, apresento um reconhecimento que não é mera formalidade e, sim, uma
constatação que deve ser afirmada por um Vereador, para autorizá-lo nas suas
afirmações oposicionistas.
De início, o Exmo. Sr. Prefeito Municipal, no entrechoque comum e quase
cotidiano, entre Legislativo e Executivo, tem sabido – como poucos souberam –
separar as divergências de ordem política e ideológica do campo pessoal. Embora
contundente nas afirmativas, a sua experiência e sua sensibilidade permitem
distinguir, perfeitamente, a contundência do insulto, e demonstram,
objetivamente, seu apreço pelo universal e pelo singular desta Casa no
tratamento, dia a dia, com os Srs. Vereadores. A mesma constatação é feita em
relação ao seu Secretariado. Pessoalmente, sou obrigado a especificar as
atenções que me foram deferidas pela Profª Neuza Canabarro Lucas, pelo Engº
Germano Petersen Filho, pelo Dr. Mathias Nagelstein, pelo Dr. Gabriel Fadel e
pelo Ver. Valdir Fraga. Essas especificações não são discriminatórias, apenas
são feitas porque com os nomeados mantive contatos pessoais mais freqüentes, de
cujo relacionamento pude formar a convicção de que o conjunto do Secretariado
concede a mesma deferência a todos os Senhores Vereadores.
Sinto-me impedido de qualquer manifestação elogiosa ao Sr. Presidente
desta Casa, Ver. Brochado da Rocha, visto que averbo minha suspeição de amigo
incondicional, de discípulo de sua experiência política e de admirador de sua
inteligência.
Cerceado por todas essas limitações, me resumo a dizer que penso ser
este o maior elogio: a Casa do Povo de Porto Alegre continua sendo presidida
pela dedicação, dignidade e inteligência com que a presidiu o Ver. André
Forster.
Agora passo a despender meu tempo aos assuntos que mais ocuparam minha
atenção nesse ano passado. Referir-me-ei, inicialmente, à questão dos
transportes coletivos. Nesse aspecto, urge que seja cumprida a promessa do Sr.
Prefeito Municipal, em estender, cada vez mais, a abrangência da Cia. Carris
Porto-Alegrense, a fim de que possa funcionar como reguladora do sistema de
transportes desta Cidade e para que não fique a população atormentada pelas
pressões das empresas de transportes de capital privado. Tenho certeza de que
essa missão, delegada ao Ver. Elói Guimarães, o qual já demonstrou em sua
atuação Legislativa capacidade e conformidade para desenvolver esse projeto,
será cumprida com conhecimento, autoridade e idoneidade.
A questão fiscal, decorrência necessária da política tributária
nacional, que deixa à mingua os recursos para os Municípios, deverá ser tratada
de tal forma que socorra às necessidades do Erário Público e não constranja de
forma asfixiante os contribuintes apoucados e tão desvalorizado pela
desigualdade do sistema social desumano que vige neste País.
Especial atenção deverá merecer desta Casa o Projeto que instituirá os
Conselhos Populares. Já não mais passa despercebido que o processo social
brasileiro não se esgota nas lindes dos partidos políticos e das representações
legislativas. Se nós – Parlamentares – não abrirmos mão de parcelas de poderes
legislativos, repartindo-as com outros órgãos políticos da comunidade,
estaremos sendo tão arbitrários como o Poder Executivo que usurpe as funções
legislativas, ou o Poder Judiciário que esqueça a lei e passe a decidir por
conveniências. Entretanto, alerto que o projeto que examinei encontra obstáculos
formais no quadro institucional brasileiro, ainda não aberto às conformações
mais progressistas. Se puder ser útil, colaborarei para contornar esses
obstáculos. De antemão, já saliento minha concordância com o Sr. Prefeito,
quando afirma que a futura Constituição deverá abrigá-lo, através de uma
normatividade sensível aos avanços sociais que a atual Carta Outorgada nega-se
a reconhecer.
Em relação ao Plano Diretor, reclama urgentemente a cidade de Porto
Alegre que seja elaborada uma nova legislação. A Lei atual possui quase dez
anos e o conteúdo de sua normatividade viciada pela época do arbítrio mostra
aberrantes delegações de poderes ao discricionário e exclusivo sistema
enraizado na Secretaria do Planejamento Municipal, que atua com plena
discricionalidade, alheia ao controle legal. É necessário repetir o clamor de
Rui Barbosa, que por se ter tornado lugar-comum não perdeu sua validade:
“Sempre com a lei, dentro da lei, porque fora da lei não há salvação”.
Esquecido esse clamor, vai-se para o arbítrio e dele se prossegue para o abuso,
alcançando-se até, muitas vezes, o crime. O atual Plano Diretor, pelo seu
hermeticismo, que a muito custo e assessoramento consegui decifrar, é um
“mandamus” à tecnocracia. Parafraseio para o Município as palavras lúcidas de Paulo
Bonavides: “O tecnocrata é de natureza um autoritário. Tem a atração do poder e
sempre prospera no silêncio dos gabinetes. Infenso ao debate político e social,
costuma asilar-se com todo o conforto nos quadros estatísticos, que estão para
a verdade social assim como a fantasia está para os vôos do poeta”. Depois que
se descobriu a ficção algébrica dos tecnocratas, desde que ela se transportou,
impotente, desmistificada, para o campo da realidade humana e social, o
desprestígio desses oligarcas privilegiados se acentuou. Houve, em
conseqüência, uma reabilitação que prossegue e oxalá prossiga: a do político
tradicional, do jurista esquecido e da experiência dos líderes comunitários. No
Estado de Direito, isto é, na sociedade constitucional, não há lugar para a
tecnocracia. Há lugar, sim, para o técnico, o bom técnico, o bom especialista,
a elite dos quadros administrativos. Estes têm, inquestionavelmente, missão
útil, ampla, patriótica, importante que desempenhar. Deles o Município não
poderá prescindir. Mas uma coisa é colocá-los na posição certa, outra é
desvirtuar a função que lhes impende, entregando a homens politicamente
dessensibilizados - sem a chancela da legitimidade democrática que lhes avalize
seus conceitos politicamente e ideologicamente - a direção da coisa pública. As
ditaduras são o paraíso dos tecnocratas, o clima que os faz ditosos. No Brasil
de hoje, com a reconstitucionalização que se pretende, eles caminham para o
ocaso.
E, finalmente, parafraseio agora as palavras de Ortega e Gasset: “O
homem é um conjunto de suas circunstâncias”. Minha atividade é a resultante de
minha assessoria, a do meu Gabinete, diuturna e devidamente vigilante, e a dos
funcionários desta Casa, que merece ser proclamada e reconhecida, não só pela
forma de elogios formais, como também com uma remuneração condigna, que possa
retribuir de forma objetiva tudo que tem proporcionado de valioso para o
trabalho de cada Vereador e para a análise dos “miles” elementos da comunidade,
que trazem suas sugestões, trabalhos e seu tempo, sem outra preocupação que não
seja a de ser útil para a coletividade.
Sr. Presidente, Sr. Prefeito e demais presentes, mais um Ano
Legislativo se inicia, difícil, como tudo na vida, mas nem por isso impossível
de ser caminhado com satisfações e progresso.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. Lauro
Hagemann, que fala em nome do PCB.
O SR. LAURO HAGEMANN: Sr. Presidente, Srs.
Vereadores e senhores presentes, ao iniciar-se a Sessão Legislativa de 1987, a
cada homem público, neste País, assaltam as preocupações pela época que estamos
vivendo. Não é fácil traduzir em palavras toda esta preocupação. É difícil
saber onde começar a análise dos fatos que nos levam a estas circunstâncias.
Uma delas já foi referida aqui, no início da Sessão, pelo Sr. Presidente: o
fortalecimento das Instituições Parlamentares. Mas esse fortalecimento, essa
credibilidade, essa respeitabilidade passa por cada um de nós. Os homens
públicos, os segmentos políticos deste País estão em total descrédito, porque o
nepotismo, a corrupção, a insensibilidade para com os problemas da maioria
parece que são uma tônica neste momento grave da nacionalidade. Estamos
assistindo a uma luta intensa na condução do processo constituinte. As forças
burguesas elitistas desse País parecem que estão querendo, perdido o bonde da
história em várias oportunidades, institucionalizar a sua hegemonia. Para isso
é preciso chamar a atenção da sociedade, para isso é preciso ter a
respeitabilidade e a credibilidade da sociedade.
Os assuntos municipais, que deveriam ser objeto no trato desta Sessão
de Instalação de Sessão Legislativa, ficam também soterrados por essa avalanche
de acontecimentos que assolam o País. Mas não podemos constatar pessimistamente
esta situação. É preciso vê-la com realismo. De nada adianta clamar aos céus,
ao sobrenatural, à reza. Nós, homens, é que teremos que dar solução aos nossos
problemas. E cabe à sociedade e a nós, como parte desta sociedade, darmos
respostas, darmos soluções aos problemas genéricos que afligem a população
desse País. E, ao darmos estas soluções, estas propostas, nós estaremos
contribuindo para a solução do problema global, inclusive os problemas desta
Cidade.
Não há, não pode e não deve haver uma postura de pessimismo nas nossas
atitudes a partir de hoje. Claro que não podemos esquecer as nuvens sombrias
que aparecem no horizonte. O ano 87 será um ano doloroso, difícil para todos
nós, mas quero repetir aqui as palavras que disse no início da Sessão
Legislativa passada, lá no Centro de Cultura: é preciso adequarmos os nossos
discursos às nossas ações. Não podemos dizer uma coisa e fazer outra. Aí é que
se recomporá a credibilidade, a respeitabilidade do segmento político desta
Nação. E nós somos parte dela. Por aqui começa a adequação do discurso à nossa
ação. Aqui os problemas imediatos do cidadão são mais visíveis, são mais
prementes.
Srs. Vereadores, Sr. Prefeito: nós estamos nesta Casa não numa postura
intransigente de oposição. Nós queremos colaborar, humilde e modestamente, para
a solução de todos os problemas que afligem a população de Porto Alegre.
Contamos com o discernimento, com a boa vontade, sobretudo com a ação dos
Vereadores desta Casa para a solução de todos os problemas. Problemas que não
são da Câmara de Vereadores de Porto Alegre. São da população desta Cidade que
nós representamos. Não só nossos, mas também do Sr. Prefeito, eleito com a
ampla maioria dos votos dos cidadãos desta Cidade. Esta é a nossa
responsabilidade. Este é o papel que nós devemos saber representar. Muito
obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, pelo PT, o
Ver. Antonio Hohlfeldt.
O SR. ANTONIO HOHLFELDT: Sr. Presidente, Srs.
Vereadores e senhores presentes, minha intervenção, nesta Sessão formal, é no
sentido de expressar a preocupação pessoal e de meu Partido quanto ao futuro
político e institucional da Nação, num momento de instabilidade e insegurança,
quando a população sente-se traída e frustada por ver todas as promessas
descumpridas, e enquanto as elites pressionam cada vez mais para diminuir os
poderes da Assembléia Nacional Constituinte e, simultaneamente, mantém sua
intervenção sobre a vida social do País, como assistimos, ainda no decorrer
dessa semana, nos episódios das greves dos marítimos e dos petroleiros, com a
intervenção de forças armadas em questões ligadas estritamente ao Ministério do
Trabalho.
Estamos numa encruzilhada: podemos decidir, nos próximos meses por um
novo – realmente novo – Brasil, ou, ao contrário, decretar uma vez mais a
marginalização do povo. Nós, enquanto políticos, daqueles do nível federal ao
municipal, temos participação nesse processo, e não é coincidência que, neste
mesmo dia, um novo Governo Estadual assuma seu posto com ampla expectativa e
apoio da sociedade gaúcha, esperando-se dele que cumpra não só com as promessas
da campanha eleitoral quanto, e sobretudo, saiba discernir entre as medidas
acessórias e essenciais em relação ao Rio Grande e à nossa gente.
Para nós, Vereadores, creio eu que a abertura desta Quinta Sessão
Legislativa deve nos propiciar uma reflexão mais profunda. Afinal, as urnas não
nos foram tão favoráveis assim em 1986, e, com raras exceções, a maioria dos
Vereadores que concorrerem a novo cargo eletivo diminuíram a votação alcançada
em 1982. Isso deve nos fazer repensar nossas atitudes nesta Casa. A Câmara
Municipal tem tradição de luta ao lado do povo porto-alegrense, mas não sei se,
em um exame de consciência mais profundo, poderíamos hoje afirmar que sempre
ocorreu isso nos últimos anos.
Todos conhecemos as pesquisas de opinião pública, que têm externado com
clareza a desconfiança que o público manifesta para com o político. E, embora
devamos levar em conta as campanhas quase institucionalizadas que durante os
anos de repressão tentaram diminuir os Legislativos, tanto quanto a falta de
autonomia e iniciativa desses mesmos Legislativos, atados e dependentes dos
Executivos - como ainda permanecem, pois nada faz para mudar tal panorama a tão
velha “Nova República” -, a verdade é que cada um de nós, individualmente, também
temos nossas responsabilidades. Votar com o povo é nossa obrigação. Mas nem
sempre as pressões de interesses alheios, quando não dos interesses do próprio
político, deixaram de intervir em nossas decisões, bastando lembrar-se
episódios como os da tarifa de ônibus ou do Plano Diretor, de mais recente
memória.
Muitas vezes nós, que temos tentado nos manter fiéis ao juramento
empenhado em nossa posse, somos até mesmo agredidos. “Joãozinho do passo
certo”, já quiseram nos ridicularizar, esquecendo-se, porém, esses, que é
melhor errar sozinho, tentando manter-se coerente com sua palavra, do que
acertar com os outros, distanciando-se, porém, de seus compromissos.
De minha parte, pautei com absoluta clareza os quatro anos iniciais de
meu mandato parlamentar nesta Casa, e assim pretendo continuar, inclusive
quanto aos projetos do Executivo, enviados a essa Casa. Não tenho nenhum
impedimento de apoiar e lutar por projetos oriundos do Executivo, sempre que
eles estejam realmente de acordo com o interesse popular, como é o caso da
instituição dos Conselhos Populares em nossa Cidade. Não deixarei de buscar o
diálogo com o Executivo, quando isso for importante para a Cidade, como ocorreu
com o Plano Diretor. Não titubearei em apresentar emendas aos projetos enviados,
sempre que entender que elas possam ajudar a ampliar a aplicação do projeto.
Mas não deixarei de fiscalizar, criticar e até combater, se necessário for,
aquelas situações ou propostas que venham contra os interesses de nossa
população. Com humildade, sempre, mas com firmeza, pois a isso me obriguei no
dia de minha posse nesta Casa, e a isso me manterei fiel, até o fim de meu
mandato.
Quero, por fim, ratificar minha crença de que apenas numa sociedade
socialista, em que as diferenças sociais realmente sejam minimizadas,
alcançaremos a redenção de nosso povo. E neste sentido, neste ano em que se
decide a nova Constituição do País e, conseqüentemente, nosso futuro,
empenhar-me nesta discussão e nesta luta. Sem a igualdade de fato nas condições
de cada cidadão junto à sociedade, sempre teremos usurpadores, sempre
sofreremos a pressão das elites e jamais alcançaremos a realização plena de
nossa Nação. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. Hermes
Dutra, que falará em nome do PDS e do Vereador independente, Jorge Goularte.
O SR. HERMES DUTRA: Sr. Presidente, Srs.
Vereadores e senhores presentes, a Nação brasileira, o povo brasileiro, hoje,
sente-se como numa rodovia, na qual tenha que parar e, diante de si, ver de dez
ou quinze caminhos diferentes e tenha que, obrigatoriamente, tomar um deles. Os
que possuem Mercedez-Benz vão seguir seu caminho, os que não possuem veículo
vão a pé, mas terão, obrigatoriamente, que ir por um desses caminhos. E o pior
de tudo é que não será o povo que escolherá este caminho, pois isto depende do
carro que está à frente e que não cabe aqui discutir o porquê, mas sim sentir a
realidade latente de que o carro, que é o Governo Federal, tem que tomar um dos
caminhos, e ao povo fica a grande interrogação: qual deles será o melhor
caminho a ser percorrido? Por disfunção do próprio sistema democrático
brasileiro, este ponto de interrogação terá de ser rompido e nós, protestando,
aceitando ou não, teremos que segui-lo. Queira Deus, Sr. Prefeito, que possamos
tomar o caminho adequado ao povo brasileiro. Eu queria, em nome da Bancada do
PDS, dos Vereadores Rafael Santos, Mano José e Jorge Goularte, que me pediu que
falasse também em seu nome, trazer a saudação a este início de trabalho de
1987. É a quinta vez, nesta Legislatura, que esta Casa se reúne para a primeira
Sessão, e os votos são quase sempre os mesmos. E, lamentavelmente, no fim do
ano, nós sentimos e vimos que os votos ficaram nos votos. Mas neste ano nós
temos algumas coisas a mais para considerar: há uma Constituinte no País e há
governadores eleitos que, no dia de hoje, tomarão posse. E é de se esperar, Sr.
Prefeito e Sr. Presidente desta Casa, que o Município brasileiro seja
aquinhoado neste farfalhar da democracia brasileira que, bem ou mal, está aí.
Houve eleições e há uma Constituinte. Que o Município brasileiro consiga
reassumir o seu papel num repensar que já se faz sentir há muito tempo. Que o
Município brasileiro possa voltar às suas funções precípuas de, em conjunto com
a comunidade, definir as prioridades da sua cidade. E que possa livrar-se, de
uma vez por todas, de um centralismo que só causa mal à máquina estatal.
Não basta se pedir Reforma Tributária. Há que se exigir a redefinição
das funções para que o Estado fique no seu papel, o Governo Federal assuma o
seu papel e o Município reassuma as suas funções e consiga responder ao anseio
e às aspirações da comunidade. São os votos que também fazemos nesta Sessão de
abertura, mas com uma esperança a mais, de que este ano os instrumento estarão
à disposição para que, no fim do ano, possamos ver que não foram votos inúteis
e que se transformaram em realidade.
Nós queremos, Sr. Prefeito Municipal, ratificar a posição que temos
desempenhado nesta Casa. Toda vez que entendermos que o apoio a V. Exa. será o
apoio para a Cidade, não lhe será negado. E toda a vez que entendermos que o
voto deva ser contrário às suas pretensões, o faremos como temos feito, de
cabeça erguida e com a consciência tranqüila de que estamos procurando fazer o
melhor possível. Nem sempre se consegue acertar e a vida é uma constante de
acertos e erros, onde todos nós tentamos fazer com que o saldo seja positivo ao
fim da jornada.
Estaremos, como sempre estivemos, alertas, dispostos a trabalhar, a
fazer o possível pela cidade de Porto Alegre. E não fechamos os olhos àquilo
que a Cidade quer e que expressou nas urnas na última eleição. Infeliz do
político que dá as costas aos resultados das urnas. Eles podem, até, estarem
errados, porque o povo também erra, mas é um resultado que deve ser analisado,
deve ser aceito e dali se devem tirar lições. E nós estamos dispostos a
assimilar estas lições. Hoje o nosso Partido ainda cumpre um papel histórico
que tem a desenvolver no País, no Estado e no Município de Porto Alegre e para
isto conta com a nossa disposição, com a nossa boa vontade e, sobretudo, com o
desejo de continuar fazendo em benefício da cidade de Porto Alegre.
Este dia é um dia de festa, um domingo em que nós aqui, pela manhã, nos
reunimos para iniciar os trabalhos. À tarde, o Rio Grande fará a festa para
receber o novo Governador. É um dia de sol, bonito, próprio para a ocasião. E
que ele sirva, sobretudo, para influir nos bons fluidos que cada um de nós
precisará para, ao longo do ano, destilarmos durante a nossa atuação nesta
Casa.
De nossa parte, a mão está, como sempre esteve, estendida. Muito
obrigado. (Palmas.)
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Pela ordem, a palavra com o
Ver. Frederico Barbosa, que falará pela Bancada do PFL.
O SR. FREDERICO BARBOSA: Sr. Presidente, Srs.
Vereadores e senhores convidados, certamente a imprensa e a expectativa do Rio
Grande hoje está voltada para a Praça da Matriz e para o Palácio Piratini.
Evidentemente este é o ato, sem demérito à Sessão que estamos aqui realizando
para inaugurar mais uma Sessão Legislativa, o ato mais importante para o Estado
do Rio Grande do Sul, que é a data de 15/3/87. Troca o Governo do Estado. Sai o
companheiro Jair Soares, do PFL, e assume, levado - assim como o Governador que
deixa - pelo voto popular, o representante do PMDB, o ex-Senador e hoje
Governador Pedro Jorge Simon. Mesmo assim, com toda a euforia que, certamente,
independente de cores partidárias, a população e os políticos do Rio Grande e
da Capital do Estado estão imbuídos, porque é mais um ato e uma solenidade que
consubstanciam a democracia no Estado e no País, aqui estamos para dizer que,
mais uma vez, a população de Porto Alegre vê o início de seus trabalhos
legislativos que, diga-se de passagem, por força das circunstâncias e da
exigência de trabalho que a Cidade assim se fez, foram pouco ou quase nada ou,
quem sabe, nem foram interrompidos entre o ano de 86 e o início de 87, quando
esta Casa, convocada pelo Prefeito Municipal, esteve atenta nas decisões
necessárias para um melhor andamento da população das nossas cidades e da nossa
Capital. O início deste ano, Sr. Prefeito, Sr. Presidente e Srs. Vereadores,
passa da expectativa da disputa da eleição, ultrapassa a eleição do Governo do
Estado, ultrapassa a eleição da Constituinte e chega, agora, a um ano realmente
cheio de trabalho, onde o Governo que hoje assume leva nas costas o anseio, o
desejo e as expectativas da população do Rio Grande. A Constituição, eleita em
1986 e tão ansiada pela população brasileira, passa a ter nas suas costas, a
partir de agora e com seu Regimento enfim aprovado, o desejo, os anseios e as
expectativas da população brasileira. Em tudo isso, me parece que, apesar das
divergências e, mais uma vez, repito, dos anseios, dos desejos e das necessidades
da população brasileira, estamos diante de algumas lições de democracia. E me
permitam, Sr. Prefeito, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, ler, sem querer
pinçar, mas apenas para citar, um artigo que hoje, exatamente hoje, dia 15 de
março, na página 4 do “Correio do Povo”, na coluna “Opinião”, um artigo de
autoria de Jair de Oliveira Soares, que hoje deixa o Governo do Estado do Rio
Grande do Sul, depois de quatro anos, levado pelo voto popular: “Lições de
Democracia: O poder democrático é uma expressão requintada do humanismo e é um
derivado do respeito à dignidade de cada pessoa e sobrevive na humildade, no
entendimento e na generosidade”. E: “A democracia é um privilegiado encontro
entre o poder e a ética, autonomia e liberdade”. E, como segunda lição, cita:
“Uma segunda lição democrática iremos relembrar com a rotação de partidos no
Governo: a percepção equilibrada de que nenhuma facção costuma carregar o
monopólio dos acertos ou a onipotência das soluções miraculosas, o espectro
político não se divide entre vilões e heróis salvadores”. E é na terceira
afirmação que a Bancada do PFL, que gentilmente atribuiu a este Vereador a sua
mensagem inicial, certamente pela ausência imperiosa de seu Líder e Vice-Líder,
que por motivos de força maior aqui não estão, atribuiu a este Vereador, como
seu representante na Mesa, assim como teria sido feito com mais sabedoria e
inteligência pelos Vereadores Aranha Filho, aqui presente, e Artur Zanella que,
para honra de nossa Bancada, deixando hoje o Secretariado do Governo Estadual,
retorna, e certamente sem demérito a ninguém, reforça e muito a Bancada do
Partido da Frente Liberal. Diz o Governador Jair Soares em sua última citação
de “Lição de Democracia” - a qual, como disse, Sr. Prefeito, a Bancada do PFL
quer trazer com objetividade para o seu trabalho, que já vem sendo desenvolvido
desde o ano passado, quando V. Exa. assumiu o Governo desta Capital e que,
certamente, terá ampliada a sua manifestação quando dentro de poucos dias
indicaremos o novo Líder da Bancada, tendo em vista o desejo do atual Líder em
deixar a Liderança do PFL, mas que hoje deixamos aqui, como disse, objetiva e
simplesmente para posicionamento daquilo que já realizamos e que desejamos
realizar durante este ano de 87 - “Uma terceira lição democrática adverte-nos
que a oposição ao governante não deve ser feita com maldade, com injustiça ou
em detrimento da imagem rio-grandense. A oposição só é democrática quando for
um ato construtivo e educação consciente e crítica”.
Por isso, Sr. Presidente, Srs. Vereadores, Sr. Prefeito Municipal, Sr.
Secretário da SPM, minhas Senhoras e meus Senhores, objetivamente, durante o
ano de 86, os cinco e depois os seis Vereadores do PFL desejaram, a todo o
momento, trabalhar de maneira a examinar constante e sempre aquilo que V. Exa.
pautou como mensagem a esta Casa para melhores dias para a população de Porto
Alegre. Muitas vezes fomos à discussão, até mesmo à forte discussão, sem que,
em nenhum momento, V. Exa. levasse para o cunho pessoal, pelo político e pela
estirpe que representa do político rio-grandense. Pois nós desejamos, Sr.
Prefeito, examinar e continuar examinando caso a caso, e os seis, e são apenas
seis, mas tenho absoluta confiança do que pode significar para uns um fiel de
balança, para nós, apenas e exclusivamente seis que desejam examinar, sob a sua
ótica, sob o seu prisma, aquilo que V. Exa. trata junto com a comunidade que
aqui está representada, para melhores dias da população de Porto Alegre. Nosso
relacionamento será incisivo e forte no desejo daquilo que é melhor para a
cidade de Porto Alegre, e V. Exa. terá, na análise da Bancada do PFL, o
respaldo sempre que nós encontrarmos, como disse, a objetividade no seu gesto,
no sentido de melhorar a situação da população de Porto Alegre. O bem da Cidade
não tem cores partidárias, o bem da Cidade não significa ter que fazer por
oposição, mas, também, que os seis, quando precisarem fazer uma oposição, farão
aberta e lealmente, como tantas vezes V. Exa. se dirigiu à Bancada do PFL,
dizendo que sabia que nós vínhamos à tribuna para dizer o que pensar, e que bom
enquanto os políticos puderem brigar, discutir e se engalfinhar, sempre no bom
sentido, na busca de um entendimento para melhores dias para a população de
Porto Alegre. Esta é a nossa mensagem simples e objetiva. Vamos trabalhar como
fizemos no ano de 1986, enfrentando os desejos e anseios da população, no
sentido de que a eles devemos dar o respaldo para melhores dias da nossa
Cidade. Muito obrigado. (Palmas.)
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, em nome do
PMDB, o Ver. Luiz Braz.
O SR. LUIZ BRAZ: Sr. Presidente, Srs.
Vereadores e senhores convidados, recebi esta incumbência de vir aqui para
representar a Bancada do PMDB, visto que o Líder de nossa Bancada, o Ver.
Clóvis Brum, encontra-se adoentado e pelo telefone me transmitiu esta missão,
para que eu pudesse aqui, desta tribuna, falar sobre a mensagem do PMDB e sobre
o trabalho que o PMDB pretende neste ano de 1987. Um ano realmente muito
difícil para todos nós. Um ano cheio de expectativas, mas um ano cheio de
esperanças. E eu tenho certeza absoluta que, com a união de todos nós, com o
trabalho de todos nós, com a luta que nós devemos empreender, e empreenderemos
esta luta, unidos, porque acredito que o limite partidário não deve impedir que
nós nos unamos nas causas prioritárias para o bem estar da população, pois
acredito que com esta união, com este trabalho, com este vigor, com esta força
nós iremos conseguir atingir o nosso objetivo.
Logo após a queda da ditadura, logo após a eleição do Dr. Tancredo
Neves, nós começamos a vislumbrar a democracia como uma luz lá no fim do túnel.
E a cada passo, a cada luta, a cada conquista esta luz vai aumentando e ela só
será realmente valiosa, esfuziante, brilhará com muita intensidade no momento em
que nós conseguirmos atingir a democracia plena. E eu acredito que nós estamos
a caminho disto. Aí está a Constituinte fazendo o seu trabalho. Muitos dizem
que esta não era a ideal. Mas aí está, com o respaldo de toda a sociedade
brasileira, porque os homens que lá estão foram eleitos pela sociedade
brasileira e eles estão lá para fazer um trabalho realmente muito importante
para todos nós, o trabalho é deles e é claro que a nossa colaboração vai
depender; se os políticos desta terra poderão gozar de alguma credibilidade
após a promulgação da Constituição ou não, dependerá exatamente da ação desses
homens. Se nós tivermos uma Constituição progressista, se nós tivermos uma
Constituição com artigos que possam devolver à nossa população a dignidade que
nos foi roubada e que ainda da não nos foi restituída, e esses artigos
realmente puderem fazer isso, dentro desta Constituição, não apenas aqueles
políticos, mas toda a classe política brasileira conseguirá resgatar a sua
credibilidade que se encontra arranhada, que se encontra quebrada no interior
de cada eleitor, no interior de cada brasileiro.
O brasileiro precisa acreditar em seus políticos e nós, Vereadores de
Porto Alegre, uma Capital muito importante, temos um trabalho muito grande para
fazer nesse setor, porque nós estamos em contatos diários com as nossas
comunidades, com as nossas bases, e essas bases e esses eleitores têm que
acreditar em nosso trabalho e para isso temos que demonstrar que temos
competência e que podemos ser capazes de realizar o nosso trabalho. Não apenas
– e aí falo eu, que pertenço a um partido de oposição, o PMDB - fazendo uma
oposição ao Prefeito Alceu Collares, que aqui está e que foi um dos homens mais
brilhantes do Legislativo do Brasil e que por muito tempo foi agraciado com prêmios,
com elogios, pela sua atuação dentro do Congresso Nacional e que depois, vindo
de lá, com toda a sua experiência, com todo o seu idealismo, chegou aqui para
ser o Prefeito de Porto Alegre e encontrou tantas dificuldades para ser o
Prefeito de Porto Alegre que aquilo que ele pensava poder realizar como
Prefeito de Porto Alegre encontrou dificuldades tamanhas que não conseguiu
transpor. E nos temos obrigação, tanto nós do PMDB como de todos os outros
partidos, de cerrarmos fileiras junto a ele para criticarmos quando ele estiver
errado, para nos opor às suas idéias, que nós acreditarmos serem prejudiciais à
população, mas também para lhe dar todo o apoio quando essas idéias forem
realmente as idéias que a população está esperando há tanto tempo e que poderão
fazer com que esta população, lá do bairro pobre, da vila pobre e que há tanto
tempo esperam uma solução, que há tempo esperam que idéias partidas desses
políticos que aqui estão, bem como do Sr. Prefeito, possam trazer algum alento
para eles que passam fome, que têm problemas de esgotos, os quais vêem,
eleições após eleições, políticos fazendo promessas e mais promessas e o esgoto
continua correndo a céu aberto e a fome continua normalmente. Disto realmente
precisamos nos conscientizar: não são os nossos partidos políticos,
individualmente, o importante para cada um de nós. O importante para cada um de
nós é que todos, unidos, suprapartidariamente, possamos encontrar soluções que
tragam às nossas populações as respostas esperadas.
A atividade do PMDB, nos quatro últimos anos, desde que sentamos nessas
cadeiras para sermos Vereadores, foi uma atividade que sempre esteve voltada ao
bem-estar das comunidades. Nunca um dos Vereadores do PMDB subiu nesta tribuna
para dizer utopias, soluções mágicas ou para fazer uma crítica infundada. O que
sempre fizemos foram atitudes conscientes: os Vereadores do PMDB sempre vieram
a esta tribuna tentar as soluções, mas, até agora, infelizmente, não foram
suficientes para que pudéssemos modificar o panorama que temos aí fora. Mas
este ano é muito importante: é o ano da Constituinte, é o ano em que nós, Sr.
Presidente, a exemplo do vai acontecer na Assembléia Legislativa, temos que ter
uma Comissão para acompanhar as modificações que irão ocorrer na Constituição.
Assim, também poderemos adaptar nossa Lei Orgânica àquilo que está acontecendo
na Constituição Federal, na Constituição do Estado, e que deve acontecer também
em nossa Lei Orgânica. Devemos ter essa Comissão porque, afinal de contas,
todos estamos unidos numa grande missão: de apresentarmos, no final deste ano
de 1987, uma Constituição que seja realmente aquela que está sendo esperada
pela maioria dos brasileiros, aquela que cada um de nós gostaria de fazer. É
claro que nem todos os artigos desta Constituição vão agradar a cada um de nós,
porque nem Jesus Cristo conseguiu agradar a todo o mundo. E não será a
Constituição que vamos promulgar no final deste ano que vai agradar a cada um
de nós. Que esta Constituição a ser promulgada possa ser realmente a melhor.
Que possa vir a vencer a idéia daqueles que pensam que a Constituição de 1946 é
praticamente uma Constituição imbatível. Que possa ser melhor que a de 1946,
que possa trazer para a nossa sociedade aquelas saídas que estamos precisando,
para que aquela luz que começou a aparecer lá no final do túnel possa brilhar
muito fortemente.
Acredito, tenho fé nestes homens, tenho fé no nosso trabalho, tenho fé
no trabalho que posso realizar. Acredito muito na união, na consciência de cada
um dos Senhores, na consciência de cada um dos Deputados, na consciência de
cada um que tem a responsabilidade de modificar este País, para que possamos
ter aqui uma sociedade mais justa. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, pela ordem, o
Ver. Cleom Guatimozim, que falará em nome da Bancada do PDT.
O SR. CLEOM GUATIMOZIM: Sr. Presidente, Srs.
Vereadores e senhores presentes, instala-se, hoje, a Quinta Sessão Legislativa
da IX Legislatura desta Cidade. É a democracia que nos traz num domingo pela
manhã a esta Casa. Assim como a posse do Governador do Estado ocorre num
domingo pela imposição da Lei.
Sempre preferi a nossa democracia, que reconheço imperfeita. Sempre
preferi a democracia que engatinha. Sempre preferi a democracia de um país em
desenvolvimento para alguns, e subdesenvolvido para outros, a qualquer outra
forma de governo que se possa implantar, principalmente para nós brasileiros.
Mas sabemos que na democracia, antes de qualquer coisa, antes da distribuição
de renda nacional, antes de uma melhor justiça social, é a liberdade de ir e
vir a liberdade que é inerente ao homem e que rejeita, de forma violenta, a
esse tipo de imposição que traz consigo.
Entretanto, Srs. Vereadores, aqui no Rio Grande do Sul, nós, gaúchos,
parece-me que temos ainda a acrescentar a esta inerente liberdade que traz o
homem uma outra condição que nos vem dos nossos antepassados, nos vem da
formação desse Estado e vem desde de que surgiram, neste Estado, as primeiras
tropas dos chamados gaúchos, que viajavam, Senhores, enfrentando as intempéries
com a liberdade total, e é exatamente esta liberdade, esse espírito de gaúcho
com que era recebido nos ranchos aonde chegava que nos acrescenta algo mais a
essa liberdade inerente a nós, homens.
Voltam-se, Srs. Vereadores, as atenções do País para a Constituinte e,
como acontece em diversos eventos nacionais, a Constituinte tem abafado no seu
hemisfério tudo aquilo que de ruim se faz dentro desse País e no aproveitamento
que os governantes têm desses eventos que geram algo muito grande de
expectativa, para então trazer aquilo que lhes interessa, o que interessa aos
governos. Nós sabemos que sobe a gasolina, neste País, nas vésperas do
Carnaval, sabemos que se aproveita o terremoto do México para poderem liberar
os preços, sabemos que se aproveita, hoje, a Constituinte para se fazer aquilo
que é de interesse do Governo.
Não levo e nunca levei nenhuma esperança na Constituinte. Ela foi
apresentada ao povo brasileiro como sendo a salvadora, que resolveria os
problemas do Oiapoque ao Chuí, não deixando nenhum problema neste País. E nós
sabemos que o Congresso Nacional é conservador. E nós sabemos que as Casas do
Congresso têm uma representação duríssima. E nós sabemos, Srs. Vereadores, que
lá nós temos 26 mulheres. Eu não sei quantos negros tem, mas me parece que há
muito poucos. Parece-me também que há muito poucos pobres ou nenhum pobre.
Então, espero que a Constituinte seja a imagem do Congresso Nacional.
Há bem poucos dias um Deputado Federal, muito bem votado neste Estado,
apresentava esta imagem de uma “Constituição Messias”, de uma “Constituição
Salvadora” do povo brasileiro. As decepções começam a aparecer a cada momento e
exatamente no momento em que a Constituinte está reunida. Lembrava-me o
Vice-Líder da Bancada, Ver. Pedro Ruas, que Sarney colocou mais tropas na rua
do que Figueiredo.
No momento em que a Constituinte está reunida para tomar deliberações
de grande interesse a nível econômico e social, as tropas estavam na rua
barrando a ação dos trabalhadores, inclusive em greve legítima e garantida por
lei neste País.
Causou grande repercussão na Europa, dizia o noticiário de uma rádio
local, a ocupação da Refinaria de Petróleo Ipiranga pelas tropas federais,
porque não há esta concepção fora destas fronteiras brasileiras, este tipo de
democracia e de promessas que se faz.
Acho que a nível nacional, Srs. Vereadores, as coisas continuam como
antes. As modificações que se apresentam são poucas ou nenhuma. Não pinto um
quadro pessimista, mas um quadro da realidade. Mas verificamos que para acertar
apenas um Regimento Interno, os Senhores Congressistas brigaram durante meses e
estabeleceram, dentro da Constituinte, inclusive as oposições ao Governo e às
Bancadas de apoio e Lideranças do Governo - dentro de uma Constituinte que deveria
ser para o povo brasileiro, depois de uma reabertura democrática, inclusive
sagrada. Mas eu prefiro ainda esta democracia que engatinha, mas não posso
deixar de pintar o quadro verdadeiro que se apresenta ao povo brasileiro. Acho
que a Constituinte apresentada, Srs. Vereadores e Sr. Prefeito, ao povo
brasileiro, não poderá ser cumprida sob hipótese alguma, mesmo porque ela foi
apresentada ao povo como uma forma de salvar a cada um. E eu lembro de uma
propaganda em que aparecia um engraxate e, parando de engraxar, dizia: “Não se
esqueçam de mim na Constituinte”. Uma rede de televisão fez uma enquete entre
as crianças sobre a Constituinte e uma pediu uma bicicleta. Foi a esta
deformação, baixou a este ponto a Constituinte. Parece-me, então, que a Constituinte
será a imagem das Casas do Congresso, a imagem do Congresso Nacional. Será uma
Constituinte conservadora que não vai distribuir melhor a renda nacional.
Poderá dar uma melhor liberdade de ir e vir, tão desejada por todos nós, mas,
principalmente na redistribuição da renda nacional não haverá modificações. No
que se refere ao Município de Porto Alegre e que nos reúne, hoje, na Quinta
Sessão Legislativa da IX Legislatura, devo dizer que esta Casa tem cumprido com
suas obrigações, tem dado ao Prefeito Municipal as armas de que dispõe para
dirigir a Prefeitura Municipal de Porto Alegre. Muitos projetos que foram
rejeitados nesta Casa, alguns por falta de informações e outros por motivos
ocasionais, estou certo, encontrarão um final, ainda feliz, neste Plenário,
ainda neste primeiro semestre de 1987. Os projetos que o Sr. Prefeito Municipal
prometeu durante a campanha política e, segundo alguns, não pôde cumprir por
ter encontrado a Prefeitura nas condições que encontrou, devo dizer que ainda
não pôde cumprir, porque o compromisso do Sr. Prefeito é o compromisso também
da Bancada do PDT desta Casa, com a Cidade, e que o arrumar da Casa, o
consertar aquilo que se possa trabalhar, é exatamente o que fez o Executivo
Municipal, até o momento. Vejam os projetos de grande importância que esta Casa
deu ao Executivo: a regularização das construções clandestinas ou inadequadas,
que carreou para a Prefeitura alguns trocados para a sua burra, permitindo
certas condições; o Projeto de anistia, que esta Casa votou, dando condições ao
Executivo para que armasse, para o ano imediatamente seguinte, condições para
uma arrecadação melhor. Tudo isto faz com que se possa concluir, facilmente,
que aquelas condições prometidas pelo Prefeito serão cumpridas ao longo de 87 e
88. Conforme se comenta na Constituinte, a atipicidade dos mandatos dos
Prefeitos Municipais, de 3 anos, inviabiliza algumas obras marcantes e que o
PDT, na pessoa do Prefeito, procura realizar; um ano a mais de mandato a cada
Prefeito poderia ser dado, para que se enquadrasse perfeitamente dentro da
tradição republicana dos mandatos de 4 anos.
Nós do PDT, nesta oportunidade, fazemos uma saudação otimista no que se
refere aos problemas da Cidade, no sentido de que deveremos vencê-los, todos.
Aproveitamos o ensejo para desejar ao Ver. Valdomiro Franco, em nome da Bancada
do PDT, uma profícua Legislatura como Deputado, o que acreditamos vai realizar
com a experiência que leva desta Casa. Esperamos que V. Exa. possa firmar, daí
em diante, o seu futuro político, que será muito bem visto por esta Casa,
principalmente pelo prestígio que V. Exa. goza no meio de nossa Bancada e, de
resto, em todo este Plenário.
Ao Ver. Artur Zanella, que retorna, não poderia deixar de dizer que ele
foi não somente um Secretário de Estado do Governador Jair Soares, mas, antes
de tudo, um grande amigo desta Cidade, que lutou por diversos problemas, que
atendeu a todos os pedidos dos Vereadores e que não esqueceu os amigos quando
assumiu este alto cargo. Por esta razão, em nome de nossa Bancada, damos as
boas vindas a V. Exa. e, como disse o Ver. Frederico Barbosa, a Bancada se
reforça com a sua presença, não pela ausência de outros, mas justamente pela
sua presença.
Com a nossa fé na democracia e a esperança de que a nossa Cidade, com
suas obras, continuará sempre acompanhando a explosão demográfica que se
verifica em todo o País, nós desejamos felicidades a esta Legislatura, a esta
Casa, bem como ao Prefeito Municipal. Quero dizer à imprensa, aqui presente –
pinçando do discurso do Presidente Brochado da Rocha – algo muito importante:
dizia o Presidente que “não há imprensa livre sem Legislativo aberto”. Apesar
da vulnerabilidade que existe nos Legislativos em todo o País - e pedimos neste
momento o apoio da imprensa livre – dizia Brochado da Rocha algo muito
acertado: “Não se tem conhecimento de que haja imprensa livre onde os
parlamentos estão fechados”. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Dando prosseguimento aos
trabalhos, peço vênia ao Sr. Prefeito e aos Srs. Vereadores, mas tenho a honra
de conceder a palavra, quebrando o Regimento Interno, ao Ex-Vereador Valdomiro
Franco, para as suas despedidas. Assim como o Ver. Cleom Guatimozim saudou o
Ver. Artur Zanella, que retorna, a Casa também hoje sofre uma perda, uma vez que
todos os Vereadores com assento nesta Casa, independentemente de coloração
partidária, têm especial carinho e afeto pelo Vereador que ora vai embora,
deixando um sentimento afetivo e uma profunda lacuna na sua ausência, a qual
lamentamos. E esta Casa é feita assim, de Vereadores que chegam e a iluminam, e
neste mesmo momento esta Casa perde uma de suas luzes e um dos Vereadores que
sobre si aqui reúne extrema afetividade.
Solicito ao Ver. Valdomiro Franco que faça as suas despedidas desta
Casa.
O SR. VALDOMIRO FRANCO: Sr. Presidente, Srs.
Vereadores, senhores presentes, hoje eu me sinto orgulhoso por ter passado por
esta Casa e ter saído das minas de carvão de outro Estado, há 22 anos, e vindo
para o Rio Grande do Sul. Não existe coisa mais importante em nossas vidas do
que lutar em busca daquilo que nós esperamos alcançar. Nesta Casa, eu aprendi
muita coisa. Aprendi a conviver, nestes quatro anos, como político. Não aprendi
tudo. Na vida política ainda vou precisar dos Senhores. Saio desta Casa com uma
única intenção: de fazer, na Assembléia, o trabalho que fiz nesta Casa. Vou
para a Assembléia, mas não vou mudar. Continuarei o mesmo homem humilde, desde
quando cheguei, aqui, no Rio Grande do Sul. Desde quando fui vaiado e aplaudido
por cento e vinte mil pessoas; desde quando eu saí das minas de carvão e vim
para esta Cidade com um pensamento firme de vencer na vida.
Eu quero dizer aos Senhores, ao Sr. Prefeito desta Cidade, Dr. Alceu
Collares, e aos Secretários, que a política, no meu entender, é a mesma coisa
que puxar uma corda. Se todos nós não puxarmos no mesmo sentido, não poderemos
produzir nada neste Brasil. Porque não adianta cinco puxar de um lado e quatro
puxar de outro lado. Nós estamos no mesmo barco e temos que ter a mesma
direção.
Eu me sinto gratificado de ter, nesta Casa, amigos, Vereadores que
sempre me colocaram dentro das coisas do Município, e de poder ter, nesta Casa,
amigos e aqui deixar amigos. Com certeza, na Assembléia, serei humilde como
sempre. Vou ser aquele homem em busca de soluções para a nossa Cidade e para o
nosso Estado, principalmente para as pessoas que realmente precisam. Aos
funcionários desta Casa, que me ajudaram, que me deram tanto carinho, tantas
coisas boas, a eles digo que não vou deixar esta Casa; vou ficar voltado para
os problemas de Porto Alegre e vou continuar trabalhando.
Sr. Presidente, Srs. Funcionários, hoje é um dia triste para mim,
porque aqui vou deixar aquelas pessoas que me levaram na vida política, como o
Ex-Vereador Sadi Schwerdt, que me deu todo o apoio quando me candidatei, em
1982, a Vereador e fui eleito. Eu vou continuar o mesmo homem, a mesma pessoa,
com a mesma humildade e vontade de vencer, de atender, de tratar a todos, desde
os lá de baixo até os de cima, da mesma maneira. Prometo que trabalho e vontade
de acertar sempre terei. Um só foi perfeito, um só, que foi Jesus Cristo,
porque mais ninguém é perfeito. Temos que saber errar e corrigir os erros.
Tenho certeza que muitas vezes nesta Casa errei, mas errei consciente com a
minha pessoa, com a minha cabeça; e vai ser igual na Assembléia, podem ter a
certeza de que serei o mesmo Valdomiro. Desde já, quero dizer aos funcionários
desta Casa que estarei sempre aqui, porque sempre falo que aqui foi a minha
casa, a casa em que comecei como político e aqui, se Deus quiser, vou estar
sempre presente. Um abraço aos Senhores e felicidades ao Prefeito Alceu
Collares! Que faça uma administração boa para esta Cidade – tenho certeza de
que o Prefeito Alceu Collares assim fará, porque é um homem que sempre trabalhou
por aqueles que realmente necessitam. E 1987 será o ano da Constituinte, um ano
importante para nós todos, um ano importante para aquelas pessoas que viram uma
luz, com a participação na Constituinte, e hoje está sendo um pouco difícil.
Como o Ver. Cleom Guatimozim frisou aqui, que um garoto pediu uma bicicleta
para a Constituinte. No ano passado se fez, no Brasil, um congresso de menores
de Brasília, e esses estiveram no Congresso Nacional e praticamente foram
tirados do Congresso Nacional. Então digo: uma coisa é certa, todos temos que
participar desta Constituinte e exigir os nossos direitos, o direito destas
pessoas que querem um Brasil justo, porque é o Brasil de amanhã, é o Brasil dos
meus filhos, é o Brasil de todos nós – esta responsabilidade é de nós todos, de
conseguir uma Constituição que dê a oportunidade de amparar aqueles filhos
nossos que serão o futuro Brasil e, desde já, agradeço esta oportunidade que o
Ver. Brochado da Rocha me deu, e quero desejar aos meus amigos, aos meus colegas
de trabalho, nestes 4 anos, aos funcionários desta Casa, felicidades e, na hora
que precisarem, não do Deputado, mas do simples, humilde, do trabalhador
Valdomiro Franco, lá na Assembléia Legislativa estarei para receber a todos.
Muito obrigado. (Palmas.)
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: De acordo com o art. 89, em
seu parágrafo único, passo a palavra ao Sr. Prefeito Municipal, Dr. Alceu
Collares. V. Exa. tem a palavra.
O SR. ALCEU COLLARES: Sr. Presidente, Srs.
Vereadores com assento na Câmara, não vim para falar, mas é difícil, para um
político, silenciar diante de tantas afirmações de fé e de crença nos destinos
do nosso País e, ao mesmo tempo, diante de tantas afirmações de dúvidas, de
perplexidades nos dirigindo ou nos remetendo a uma profunda reflexão. É
indiscutível que estamos vivenciando uma hora extremamente grave, difícil. Há
uma perplexidade nacional. Todos nós somos embalados pela campanha que acabou
empolgando, emocionando e motivando a Nação toda para a transição democrática. Toda
a Nação brasileira, do fundo da sua própria alma, clamou por este momento de
transição, de encaminhamento para a democracia, que como todos os regimes ou
sistemas de governo tem suas falhas, tem seus erros, tem suas fragilidades, mas
nenhum outro há que com ela possa se comparar, capaz de permitir que o
indivíduo desenvolva os seus valores morais, éticos, que a sociedade possa
crescer, que o homem possa ascender, que o homem possa se promover. Quero
agradecer, ao companheiro Werner e aos Vereadores que por aqui passaram, o
registro simples de algo que sempre foi obrigação nossa, de respeitar a Câmara
de Vereadores. Não é favor de ninguém, é apenas um dever, uma obrigação do
Prefeito que estiver, porventura, exercendo as funções, eu diria, fascinantes,
de dirigir, de administrar a coisa pública no Município. Se assim reconhecido é
aqui que tive o tratamento de respeito à Câmara, que em nenhum momento levei os
posicionamentos contrários às nossas pretensões como se fora um problema de
ordem pessoal, eu me considero gratificado. Acho que exerci bem meu mandato no
primeiro ano e somente por isso, porque se há algo com que tenho uma
preocupação é de não machucar o meu próximo, é de não agredir o indivíduo, mas,
principalmente, o de respeitar as nossas instituições, tão frágeis, tão tenras
que, para fortalecê-las, estruturá-las, consolidá-las, nós precisamos fazer um
grande esforço. Precisamos permanentemente ter consciência de que nós somos
construtores do regime que nós desejarmos. Se nós queremos a democracia, é
evidente que o esforço individual, para que se transforme depois num clamor
coletivo, vai depender de cada um de nós. Vivenciamos, indiscutivelmente, numa
crise institucional, política, econômica, social e cultural muito maior do que
aquela que nós encontramos no início do movimento pela transição, porque ali o
povo esperava superar o autoritarismo, porque ali nós todos nos uníamos para
caminhar contra a ditadura. Porque ali, naquele momento, nós estávamos
decretando a falência do regime que durante 20 e tantos anos esmagara a
consciência democrática da Nação. Mas e agora, qual o estado de perplexidade da
Nação? Todos nós, que acreditamos na transição; todos nós, que acreditamos na
Nova República; todos nós, que estávamos esperando grandes e profundas transformações,
estamos num estado de profunda perplexidade. Para onde nos levam? Quais são os
caminhos que apontam para a Nação Brasileira? Tudo se espera da Constituinte.
Ela não é uma panacéia, não vai resolver todos os problemas, mas nós sabemos,
também, que, lamentavelmente, parece que os nossos companheiros não têm ainda a
consciência profunda da crise institucional que nós estamos enfrentando. Estão
aí, já, os quartéis se movimentando. Estão aí as tropas nas ruas. Estão aí, já,
os homens de verde andando pelas ruas da Pátria nossa. Isto é profundamente
preocupante. Será que nós não caminhamos? Será que apenas nós mudamos de roupa?
Ao invés da roupa do militar estamos com a roupa do civil, mas a estrutura
autoritária não foi alterada absolutamente nada, será isto? Todo o sacrifício,
todo o esforço de uma nação, todo o caminhar de um povo, seria lógico que se
chegasse apenas a isto? Eu espero que não. Eu quero alimentar a convicção de
que não, que estamos avançando. Não vamos ser pessimistas. Nós temos que acreditar
que estamos avançando e nós vamos avançar, não tanto pelo sacrifício, mas muito
mais pela consciência que os nossos irmãos, que o povo brasileiro tomou sobre
os seus direitos. Assim como clamou contra a ditadura, começa agora, no fundo
da alma coletiva da Nação, um clamor surdo e silencioso, no sentido de que nós
queremos uma Constituição avançada, progressista, capaz de permitir novos
tempos, novos dias, novos momentos para a Nação Brasileira. Se não mudar, se
não alterar profundamente o que está aí, o grande risco pelo qual nós passamos,
companheiros Vereadores, é a frustração coletiva da Nação Brasileira. Nós, que
alimentamos esperanças, que assumimos esperanças na alma da nossa gente,
poderemos nos encontrar talvez em momento igual ao da Argentina, em que os
motoristas, os trabalhadores descrentes depois que Isabelita assumiu o Poder em
conseqüência do falecimento de Perón, em conseqüência de erros que foram
praticados, de esperanças que não foram concretizadas, e fé que acabou
desaparecendo, depois disso o próprio povo estava reclamando de novo a presença
dos militares no Poder. Isto é profundamente grave. É por aí que tem que
começar uma grande reflexão nacional. É por aí que se constata um descontrole
total do Governo. Vem o Plano Cruzado, acendem-se as esperanças, segue-se uma
frustração, fala-se em outro Plano Cruzado, vem uma moratória técnica, mas não
é isto que os pobres precisam. Com relação à dívida externa, o Brasil tem que
exercer uma reitoria do mundo pobre, não negando o pagamento dos juros, mas
negando o pagamento da dívida toda, porque essa é fruto do maior furto, do
maior roubo que o século conheceu. Nós vivenciamos o mais cruel, o mais
doloroso de todos os coronelismos que se assentaram nos territórios do mundo
pobre, na África, na Ásia, nas Américas. Em nenhum momento o coronelismo foi
tão cruel, tão profundo, tão espoliador e tão explorador como este tipo de
coronelismo financeiro. O Brasil tem que exercer este papel, porque tem mais de
140 milhões de habitantes, porque tem um território de 8.500.000km² e porque
tem um povo que tem consciência de que vai se transformar numa Nação, num
grande País. Ele, só ele, o Brasil, poderá exercer este papel de liderança,
para caminhar por um governo legítimo, um governo que seja ungido pela vontade
popular, um governo que resulte de uma grande campanha, de um grande debate, de
uma grande reflexão coletiva. Eu tenho a absoluta convicção de que, chegando ao
Poder, se tiver a clareza do desdobramento do processo político, qualquer um
vai dizer aos países industrializados e aos países ricos: “não é possível pagar
a dívida, sob pena de continuarmos penalizando, condenando milhões e milhões de
brasileiros a um processo de fome absoluta, de miséria, de mortalidade
infantil”. Esse é um discurso que todo mundo já ouviu. Mas, e nós? O que
estamos fazendo, individualmente, para transformar esse discurso em algo
concreto? Qual é a nossa contribuição? Qual a colaboração que estamos dando,
seja como Prefeito, seja como Câmara? Aquilo que está ao nosso alcance, o que
está sendo feito? Temos sido sinceros conosco? Com as nossas propostas? Essas
são interrogações, são perplexidades que se deixa para um corpo de alto
conceito, de alta responsabilidade, para a nossa Câmara de Vereadores.
Deixando esta macropolítica e não entrando na micro, mas entrando na
política do Município, acho que, se fizermos um trabalho para alterar a
estrutura do Município brasileiro, não teremos democracia e nem liberdade. A
democracia e a liberdade são instituições que se realizam no território. A
vida, o nascimento, a morte, a dor e a lágrima se realizam no Município. De que
modo o centralismo tributário e político está trabalhando o Município
brasileiro na situação em que nos encontramos? Podem verificar que daqui para
frente vamos ter os governantes clamando por uma nova estrutura no Estado, pelo
respeito à Federação, pela respeito à autonomia dos Municípios. O que estamos
fazendo para conseguirmos sensibilizar os Constituintes a respeito dos
Municípios? O Prefeito faz algum movimento? A Câmara levantou alguma bandeira?
Nós, Prefeito e Câmara, devemos - nós, de Porto Alegre, da Capital mais
popularizada do Brasil, temos obrigação e dever de fazê-lo. Temos de encontrar
alguns caminhos para isso. Estamos, por nossa vez, tentando, é por isso que foi
falado pelos Vereadores Antonio Hohlfeldt, Werner Becker e outros Vereadores,
dos Conselhos Populares. Está um desafio e devemos estudá-lo. É verdade que
todos os políticos, ao longo das campanhas eleitorais, sempre falam em ouvir o
povo, auscultar o povo, ver o que deseja o povo, mas na hora em que queremos
abrir, efetiva e concretamente o espaço para que o povo participe, através do
Governo Municipal, algumas incompreensões são geradas, inconscientes – no meu
entendimento – mas firmadas com relação ao problema da efetiva participação do
povo no Governo.
Não há outra forma de organizar a sociedade. Todos sabemos que as
nossas instituições vêm sendo questionadas universalmente. Os parlamentos, os
partidos e a classe política estão sendo questionados profundamente, em toda
parte. Por que são instituições burguesas, das elites e queremos eliminá-las?
Não, absolutamente não. São instituições que serviram à burguesia, às elites,
para talvez reduzir o poder da Monarquia e dos impérios, mas, hoje, são as instituições
que servem ao próprio povo no momento em que ele tomar consciência de que,
principalmente o povo pobre, o trabalhador, o operário e o proletário se
constituem na maioria. Quando estes tomarem consciência de que, sendo maioria,
podem, através do regime democrático, dos partidos políticos e dessas
instituições, assumir o poder político de uma nação, será a hora de essas
instituições passarem a ser extremamente importantes para nós. Mas o que
estamos fazendo para aprimorá-las, para aperfeiçoá-las, a fim de que sejam
legitimamente instrumentos de tradução dos anseios populares? Muito pouco.
Vejam a Assembléia Nacional Constituinte e a Constituição: o que está
sendo profundamente discutido em matéria de inovação, de transformação, em
matéria de alteração das instituições ou dos institutos consagrados, rotineiros
ou convencionais. Está lá o Parlamentarismo e o Presidencialismo, está lá o
mandato do Presidente, consumindo o tempo todo da Assembléia Nacional
Constituinte. Estão se preocupando com as estruturas econômicas, com as
estruturas sociais? Não! Pode ser que ainda venham a fazê-lo. Qual é a novidade
da Assembléia Nacional Constituinte? Quem a fez foi uma grande comissão de
notáveis, um modelo que não altera em nada, absolutamente nada. E nós temos a
pretensão de dizer que os Conselhos Populares é que vão permitir a efetiva
participação do povo no Governo do Município, temos a pretensão de dizer que
eles resultarão de assembléias que serão feitas em 12 zonas, através das
Associações de Moradores, que refletem, traduzem, conceituam e definem um
clamor, uma reivindicação, já de 40, 30, 20 ou 10 anos em toda a população, que
é o direito de participar. Se há algo novo no Brasil é a ânsia de participação
que todos os segmentos querem concretizar. E como institucionalizar, como
resolver o problema permanentemente?
A experiência de Lages, com Dirceu Cardoso, morreu com ele porque não
foi institucionalizada. A experiência de Pelotas, desaparece com Bernardo,
porque não foi institucionalizada. As experiências em outras partes desaparecem
no momento em que o Prefeito ou o Governador deixa o Poder, porque não foram
institucionalizadas, porque não foram consagradas na Lei Maior do País que é a
Constituição.
É por isto que, uma vez aprovados os Conselhos Populares na Câmara, ou
antes disto, pretendemos fazer um movimento no sentido de que os Conselhos
Populares, permitindo a efetiva participação do povo no Governo, sejam também
inseridos na nova Constituição, para que os 4.000 Municípios estejam,
permanentemente, em contato com os anseios, com os reclamos de sua comunidade,
de tal forma que não façamos como fazem os partidos políticos, que só lembram
dos anseios populares, das tristezas populares, das lágrimas do nosso povo, às
vésperas das eleições. Há exceção. Claro que há exceção, mas normalmente nós
vamos atrás do nosso mandato ou para eleger o Presidente, o Governador,
Prefeito, Senador, Deputado Federal, Deputado Estadual ou o Vereador. Quando?
Na véspera das eleições, nos anos eleitorais. E depois disso, como fica a
comunidade? Fica afastada das nossas problemáticas, das nossas reflexões, dos
nossos anseios, das nossas preocupações. Queremos criar um instrumento que seja
permanentemente de auto-organização social, de mobilização permanente, de
autoconscientização das grandes massas que este Brasil, agora, está cultivando,
está mantendo silenciosas, esmagadas nos seus valores.
Então, companheiros Vereadores, acho que deve ter faltado em nós,
talvez, um esclarecimento maior sobre o que representa o Conselho Popular.
Podem acreditar, a intenção nossa é sadia, é sincera, é pura. A Câmara pode
aperfeiçoá-lo. Quando elaboramos os Conselhos Populares, imaginávamos dar aos
Conselhos poder de decisão, poder de fiscalização. Por que não? Por que não dar
ao povo o direito de decisão, de fiscalização e de participação? Se nós
abrirmos mão de uma parte do poder político que nos foi dado pelo povo – eu
Prefeito de Porto Alegre pretendo abrir mão para que a sociedade possa me
ajudar a governar – por que não também a Câmara, através deste Projeto de
criação, de institucionalização dos Conselhos Populares? Ela poderá fazê-lo e
vai se engrandecer junto ao povo. Têm alguns que dizem “não, isso é uma Câmara
paralela, eu não tenho nada que ver com isso”. Parece que têm medo de competição,
têm receio de que, na vila, vá surgir um líder mais autêntico do que nós? Não,
nós temos medo disso. Nossas lideranças são autênticas e legítimas, não temos
receio das competições. Quanto maior for a competição, melhor para nós. Temos
convicção de que o nosso mandato foi gerado pela consciência de muitos que
confiam em nós. Por isso não temos medo nenhum da competição. Mas por que,
então, a perplexidade? Vai competir com a Câmara? Não vai, ele vai ter poder de
decisão administrativa. Não vai ter poder de legislar, a competência é
exclusiva da Câmara. Tanto que, companheiros, nós imaginamos que o Conselho,
embora tenha poder de decisão, de fiscalização, não pode ter mais poder que a
Câmara, e enjambramos, acho que criamos, engenhosamente, um mecanismo igual ao
da Câmara. Se o Conselho Municipal de Transporte toma uma decisão determinando
que o Prefeito faça determinado programa, se o Prefeito não concordar, ele vai
vetar a decisão do Conselho Popular e volta a decisão do Conselho, vetada, ao
seio do próprio Conselho, para que o Conselho, com “quorum” qualificado,
examine a matéria. Se o Conselho Popular não modificar a sua decisão, o que
fará o Prefeito? Encaminhará o Veto à decisão do Conselho ao grande Conselho
Municipal, que tem grande representatividade democrática e legitimidade
popular, que é a Câmara Municipal. O Veto aposto a uma decisão do Conselho vai
ser decidido aqui, no grande Conselho Popular que é a Câmara. E a fiscalização,
como se fará? A fiscalização se fará da seguinte forma: denunciada no Conselho
uma irregularidade praticada por um Secretário ou pelo Prefeito, instalar-se-á,
na Câmara, um Conselho, uma Comissão Permanente de Fiscalização, para onde
serão levadas as denúncias, para onde será chamado o Prefeito, o Secretário ou
o Administrador, para esclarecer, para prestar, permanentemente,
esclarecimentos, a quem? À Câmara Municipal de Vereadores. Jamais nos passaria
pela cabeça tirar uma nesga da competência da Câmara Municipal. Ao contrário,
creiam firmemente que é o único caminho que nós vislumbramos capaz de ser
instrumento urbanizador da sociedade brasileira. Qual é o outro? Os partidos?
Estamos falhando nisso, embora fosse um dos objetivos dos partidos organizar a
sociedade. É o compromisso que têm os partidos, mas nós não estamos fazendo,
estamos falhando nisso. Criando os Conselhos, nós estamos atendendo a um
objetivo, a um compromisso maior dos partidos, que é organizar o povo para que
ele possa, com clareza, lucidez, expressar-se em todas as oportunidades e não
apenas nas vésperas das eleições.
Deixo esta reflexão feita, neste momento importante para o País, com
uma contribuição que nós vamos dar ao Congresso Nacional. Uma outra,
companheiros Vereadores: eu acho que as Câmaras Municipais devem exercer uma
liderança na Região Metropolitana. Assim como tem a Associação de Prefeitos,
tem também, se não me falha a memória, uma associação de Câmaras Municipais.
Pois nós estamos nos reunindo, os Prefeitos, e não estamos verificando as
Câmaras se reunirem. Para discutir o quê? O que os Prefeitos estão discutindo?
São problemas comuns das Regiões Metropolitanas. Por que discutir em comum?
Porque estamos convencidos de que, individual ou isoladamente, nenhum Município
das Regiões Metropolitanas do Brasil tem condições de resolver os seus problemas.
Esta é uma constatação óbvia. Mas, quando o ser humano consegue assimilar o
óbvio, ele evoluiu. Quando a criatura humana consegue constatar que o óbvio é o
resultante dos costumes, dos hábitos, das tradições, da vontade popular, ele
evoluiu. Pois é isto que nós concluímos: nenhum Município das Regiões
Metropolitanas, isoladamente, tem condições de erradicar, por exemplo, a
subabitação, de resolver isoladamente os problemas de saneamento básico, da
educação, do transporte, do meio ambiente, do abastecimento. Nós estamos
convencidos de que é muito ampla e abrangente a missão dos Municípios das
Regiões Metropolitanas. E se eles têm programas diferentes, encargos maiores,
mais intensos, principalmente no campo do direito social – e o Valdomiro falava
no menor: em cada dez crianças, seis são carentes, um é abandonado, são 36
bilhões de crianças carentes por este País afora. Sete milhões de menores
abandonados. E sabem onde está o maior percentual desta humanidade perdida ou
abandonada? Oitenta por cento encontra-se exatamente nas Regiões Metropolitanas
do País. Então, por que temos problemas maiores? Porque para as Regiões
Metropolitanas direcionam-se as massas expulsas do campo, dada a modernização,
dada a evolução, no campo, da própria agricultura. A migração interna traz para
as áreas metropolitanas milhões de pessoas, de tal forma que a Região
Metropolitana de Porto Alegre, que ocupa 2,3% do território do Estado, no fim
do século terá mais da metade de toda a população do Estado. Ora, se terá mais
da metade de toda a população do Estado, terá, conseqüentemente, mais da metade
de todos os problemas. E o que estamos fazendo? Quais são as nossas propostas
revolucionárias neste campo? Está lá o Congresso Nacional e a Constituinte. Vão
dar às Regiões Metropolitanas um tratamento diferenciado? Não. Pois, então, nós
vamos propor e vamos encaminhar à Câmara esta proposta: de que haja uma
concepção filosófica nova sobre o que sejam as Regiões Metropolitanas e que se
crie um Fundo de Desenvolvimento Metropolitano constituído de 3% de todos os
tributos federais e estaduais.
E que os Prefeitos constituam um Conselho Deliberativo, evidentemente com poder de decisão, para elaboração de Projetos integrados de desenvolvimento da Região Metropolitana e aplicação destes recursos sob a inteira responsabilidade dos Prefeitos. Que estes Conselhos, integrados pelos Prefeitos com poder de decisão, sejam presididos pelos Governantes dos respectivos Estados. Parece-me que esta é uma proposta nova. Onde há uma proposta igual a esta? Nós não a constatamos em tudo o que se apresenta no Congresso Nacional. E eu vou encaminhar esta proposta à nossa Câmara Municipal, esta Câmara tão esmagada por estes problemas todos, sem poder, isoladamente, tirar a cabeça para fora e respirar demoradamente, sem condições de sair deste abismo, deste atoleiro em que o centralismo tributário, autoritário, que continua ainda dirigindo a Nação, tenha alterado e possibilitado a sobrevivência isolada dos Municípios das Regiões Metropolitanas. Então, companheiros, encaminharei à Câmara também uma proposta no sentido de uma manifestação da Câmara para a criação deste Conselho, ou deste Fundo de Desenvolvimento Metropolitano, constituído de 3% de todas as receitas do Estado e da União, para que possamos ter fantásticos recursos, capazes de nos permitir o atendimento da miséria, da fome absoluta, combater a mortalidade infantil e tentar resolver o problema educacional. Fora daí não há salvação. Se nós, das Regiões Metropolitanas, temos problemas sociais agudos, graves, diferenciados, somos obrigados, também, a clamar por um tratamento diferenciado. E eu sei que a Câmara está ao lado de uma proposta destas ou de outras propostas que possam vir ao encontro da necessidade de uma redistribuição do sacrifício tributários. Reforma tributária! Quantos anos a bandeira foi desfraldada, e agora silenciada! É mais ou menos como a eleição direta. Tem a mesma conotação. Emocionou-nos no momento, mas hoje nem a todos emociona, nem a todos sensibiliza. Por isso, companheiros Vereadores, ultrapassando já o tempo que me era permitido, usei a tribuna com esta sinceridade e com a veemência que é da minha natureza, para pedir um reflexão do Prefeito com a Câmara. E nós temos condições de dar extraordinárias e fascinantes contribuições. Nós aqui constituímos, Vereadores e Prefeitura, um nível de consciência política bem melhorada, bem mais alto que os outros. Vão a Salvador para verem, vão a Recife. Não quero registrar negativamente outros comportamentos; quero registrar positivamente o nosso comportamento. A nossa Câmara é superior. A nossa Câmara tem uma consciência política muito elevada. Então nós, de Porto Alegre, temos condições, quem sabe, de uma reflexão em conjunto, acima dos partidos, com o objetivo único de atender à comunidade, de atender ao povo sofrido, sob pena de estarmos mentindo para nós mesmos com projetos que não abalem a estrutura do autoritarismo que está aí! Ou nós dirigimos coisas profundas, capazes de grandes mudanças, ou estaremos fazendo, exatamente, o jogo das elites e das minorias, e a manutenção do poder. Fica esta proposta. Vou fazê-la por escrito. E quero encerrar dizendo que tive imenso prazer em ocupar esta tribuna, que já foi minha, que considero minha, pois não há nenhuma outra escola pública tão extraordinariamente magnífica, que proporcione ao homem um horizonte tão grande de compreensão do que é a coisa pública, do que é o bem comum, do que é “o próximo com necessidades”. O Vereador, no seu dia-a-dia, experimenta todas as experiências e as vivências dos segmentos que representa, desde os que pedem, desde os que explicam, desde os que querem a caridade sem conhecer que são direitos que eles têm, até aqueles que têm consciência mais aguda e nos cobram, exigem de nós comportamentos coerentes. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Antes de encerrar os trabalhos correspondentes a esta Sessão do dia de hoje, queria deixar registrado a quem teve a oportunidade de ouvir tantos discursos quanto diferente é o discurso dos homens que estão ligados aos seus Municípios, contrariamente, seguindo um curso da História do Brasil, àqueles que atuaram em outras esferas, serviram à Coroa, depois serviram ao imperialismo e assim por diante. Estes discursos, postos na prática, certamente serão bem diferentes daqueles que se atrelaram outrora à Coroa e depois se atrelaram ao imperialismo internacional.
É, sem dúvida, um fato singular registrar a apreensão, as angústias dominantes pelos vários segmentos aqui representados pelos respectivos partidos. Realmente, quando esta Presidência abriu os trabalhos, colocava situações de pessimismo e de registros pura e simplesmente do momento nacional. Porém, à medida que os oradores ocupavam a tribuna, se via claramente a apreensão que a todos cercava. Não só os Vereadores com assento nesta Casa, mas também o Sr. Prefeito de Porto Alegre. Outrossim, quero deixar registrado aos Senhores que a Presidência, tão logo possa efetivar, propiciará ao debate dos Senhores Vereadores, semanalmente, uma Sessão Especial em favor ou para debatermos os assuntos referentes à nossa participação na Constituinte. Uma sessão semanal sobre a Constituinte, convidando as entidades, convidando as associações comunitárias, enfim, um todo, e a nossa profunda preocupação a respeito, como muito bem aludia o Sr. Prefeito Municipal. Também é de nossa profunda dificuldade o problema das Regiões Metropolitanas, eis que elas, quando foram criadas, e se não me engano aqui no Rio Grande do Sul foram votadas em 1978, e, casualmente, com sete deputados em Plenário somente sete foram votadas. Tinham, Sr. Prefeito, um vício e uma deformação bem própria da época, ou seja, excluíam a participação dos Srs. Vereadores. O Prefeito Collares deve ter registro, eis que, em conversa com S. Exa., já tive oportunidade de ver como tramitou no Congresso Nacional a referente matéria e se criou um “aleijume” que nós estamos tentando sanar com o decorrer do tempo. Mas é chegado o momento e, para tal, tendo em vista que as Câmaras Municipais da Grande Porto Alegre se encontravam em recesso e nós, singularmente, tínhamos, assim que assumimos a Presidência deste Legislativo, Sessões e mais Sessões Extraordinárias, não tivemos oportunidade de entrar em contato com os Srs. Presidentes das Câmaras Municipais da Grande Porto Alegre, mas agora, ou seja, no dia 5 de março, começamos estes contatos e faremos um trabalho que terá, de parte dos Srs. Presidentes das Câmaras Municipais - algumas até então não definidas ainda, eis que suas votações ocorriam a 1º de março do corrente ano – manifestações de muito interesse, sobretudo de termos mensalmente reuniões de todas Câmaras Municipais da Grande Porto Alegre, corrigindo, assim, aquilo que a lei nos roubou naquela época. É necessário que se diga e enfatize que as Regiões Metropolitanas foram criadas, mas houve naquele momento uma decisão de, exatamente porque nas Regiões Metropolitanas concentrava-se, nas suas Câmaras Municipais observava-se a grande participação oposicionista, alijar as Câmaras Municipais. Este fato, que o Sr. Prefeito aludiu tão claramente e tão veementemente, é por nós rigorosamente endossado como uma lacuna fatal para a nossa vivência dentro da Grande Porto Alegre. Quero, Sr. Prefeito, agradecer a honra desta Câmara de ter a sua presença, não só a sua presença, mas também a sua palavra no início dos seus trabalhos legislativos. Quero também agradecer a todos aqueles que, de uma forma ou de outra, contribuíram para que, num dia extraordinário, pudéssemos realizar esta Sessão conforme manda a lei. Desejo, junto com os Srs. Vereadores, Srs. Funcionários, Imprensa, com o Sr. Prefeito, fazer com que, de uma forma ou de outra, possamos ser conseqüentes, objetivos e tirarmos a Capital do Rio Grande do Sul do atoleiro em que ela se encontra, mercê de um tratamento em que foi colocada e canalizada, como o Rio Grande do Sul o foi, certamente, nestes anos todos de arbítrio.
Nada mais havendo a tratar, declaro encerrados os trabalhos da presente Sessão e convoco os Srs. Vereadores para a Sessão Ordinária de amanhã, à hora regimental.
Estão levantados os trabalhos.
(Levanta-se a Sessão às 12h.)
* * * * *